quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Conversas Antigas

Na altura do Natal revêem-se amigos e ex-colegas, fazem-se almoços e jantares para os quais, muitas vezes, a vontade de ir é pouca, mas que depois se revelam grandes momentos de recordação e celebração de amizade.

As conversas são as mesmas há anos, muitas vezes é já pouco o que nos une, mas o reviver dos momentos que partilhamos, sejam eles alegres, caricatos ou até mais tristes, resultam geralmente em duas horas de intenso gozo e dos quais saímos com o costumeiro, “temos de fazer isto mais vezes”.

A lógica deve ser igual à das crianças que sentem grande conforto em ver sempre os mesmos filmes ou ouvir sempre as mesmas histórias. Somos mesmo animais de hábitos e pouco dados à mudança.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Desnorte - soco no estômago

Tal como o João Miguel Tavares tão bem aqui explica,  também tento ser fundamentalista da verdade, evitando qualquer tipo de mentiras, mesmo as mais inofensivas do género, amanhã compramos isso... Ontem, em completo desnorte, quebrei a minha regra e cedi à mentira.

A Joana anda muito focada na morte, pergunta muitas vezes se a avó, o avô, o pai, a mãe vão morrer…

Ontem ao deitar, depois da história e já na parte dos miminhos (que, estou em crer, me mimam mais a mim do que a ela) ela reparou que a minha barba já vai tendo alguns pelos brancos. De repente ficou com a cara meia tristonha e perguntou-me porquê que eu tinha a barba branca. Eu, parvo, respondi que estava a ficar velhote…  

O que se seguiu, e que agora vai parecer uma parvoíce, na altura deixou-me totalmente desprevenido e desnorteado.

A palavra velhote fez soar a sineta do tema morte naquela cabecinha linda que já estava cansada, a pedir caminha.

Pai, tu não vais morrer nunca pois não?
Esta não me assustou, já respondi a esta muitas vezes nos últimos meses
Joana, só daqui a muito muito, muito, muito tempo!,

A que se seguiu é que teve a força de verdadeiro soco no estômago.
E eu, Pai? Eu não vou morrer nunca pois não?
O que é que se responde a isto? Arrisquei a verdade:
Oh Joana, só daqui a muitos muitos muitos muitos muitos  muitos muitos muitos muitos anos!

Eu, que me tenho como um mestre da pedagogia de trazer por casa, borrei a pintura toda. Esqueci-me que por muitos muitos que eu diga, para uma menina de 4 anos tudo é, no máximo, depois de depois de amanhã. Que falhanço!

Perante a sua angústia e lágrimas de desalento e tristeza pura, não tive outra alternativa. Cedi, e abandonei rapidamente o meu princípio de dizer sempre a verdade e menti. Disse-lhe que não íamos morrer, que ficaríamos sempre juntos, os 4, que me tinha enganado a explicar.

Ela acalmou, adormeceu calmamente e dormiu bem. Eu, bem pelo contrário…

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Fim de semana de sonho


Desfeito o sonho da viagem à neve sem pagar, passou-se um ótimo fim de semana em família do qual só dispensava a visita aos Lusíadas por via de mais uma ite do Francisco.

Foi um fim de semana bom, o frio propunha que ficássemos em casa, e sábado assim foi, com o aquecedor a fazer de lareira, lá tratámos de enfeitar a casa para a época natalícia. Este ano com recurso a algumas decorações home made que dão um toque ainda mais especial ao advento.

Terminadas as decorações, este ano, por iniciativa da Joana, tivemos direito a uma inovação. Já depois de tirada a foto da praxe com a Joana a colocar um enfeite no Pinheiro, foi tempo de fazer uma roda e de cantar uma música natalícia, meia inventada meia real… Filhas com queda para o espetáculo, dá nisto.

Claro que as decorações só foram possíveis pois aproveitamos a hora da sesta do francisco.
Domingo, dia da restauração da independência, fomos ver a luta do Robin dos Bosques contra o Príncipe João e o malvado xerife de Nottingham. Acho que foi a minha estreia nas produções do Filipe la Féria… Foi giro, valeu entre outras coisas claro, pela cara de espanto da Joana perante um teatro a sério, no caso o Politeama.

No final, e para tornar completo este passeio, deliciamo-nos com uma dúzia de castanhas, quentes e boas, como se quer. Para ser perfeito, só faltou virem embrulhadas num canudo das páginas amarelas ao invés de um saquinho catita com publicidade ao MEO.

Tendo o programa matinal sido mais centrado na Joana, o Francisco teve direito a protagonismo à tarde, com foto no colo do Pai Natal.

Resumindo, um raro fim de semana a 4, com programas engraçados, poucas birras, frio mas com sol de inverno e, a prova de que o Natal está mesmo a chegar, com o Porto a perder e Benfica e Sporting a lideraram a Liga de Futebol. Até tenho medo que isto seja um sonho…

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Neve


E se pudesse disfrutar de uma viagem a Andorra sem ter de a pagar? Eu nem oiço a RFM, mas soube da existência de um concurso promovido por eles e pela sporski e lá vai disto, toca a concorrer. Amanhã revelam o vencedor… A esperança é a última a morrer, por isso, há que acreditar. Caso ganhe, o que é naturalmente improvável, postarei o que coloquei a concurso.

A neve foi uma descoberta tardia mais apaixonante. Fui a primeira vez há cerca de 10 anos, a partir daí comecei a ir uma vez por ano, às vezes até duas, mas nos últimos anos, a paternidade e a troika levaram a um abrandamento do ritmo e já não desço pistas há 3 anos.
O que é que me encanta na neve? Adoro a sensação de descer uma pista com música a tocar nos meus ouvidos, adoro deslizar na neve fofa, que afunda um pouco à minha passagem, serpentear por entre árvores pintalgadas de branco, aventurar-me por foras de pista mais ou menos conhecidos... Gosto de fazer uma pausa a meio da manhã e beber um chocolate quente num bar/abrigo, e claro, também me sabe bem uma cerveja gelada ou um vinho quente no fim do dia, já sem as botas que durante horas me vão apertando os pés.

Ir à neve é um prazer, se fosse de borla era um sonho...Amanhã já acordo…

Doce acordar


Ontem acordei sobressaltado por volta das 6:30, era a Joana a chamar-me, tinha tido um pesadelo, o anel dela tinha sido deitado para o lixo. Drama!

Depois de explicar que tinha sido um sonho, que o anel estava lá em casa e depois de ontem à noite ter virado a almofada para o lado dos sonhos bons, lá nos deitámos com esperança que os pesadelos não a perturbassem esta noite, e consequente não me perturbassem também a mim.

No entanto acabei por ser novamente acordado de madrugada, pelas 6:30. Era outra vez a Joana. Ensonado e cheio de frio lá fui até ao quarto dela pensando que seria mais um pesadelo… o truque de virar a almofada seria falível? Claro que não, desta vez fui acordado porque a Joana queria dar-me uma boa notícia, não tinha tido pesadelos, tinha tido um sonho bom, sonhou com o Algarve.

Enfim, uma versão infantil do provérbio, preso por ter cão e por não ter, neste caso, acordado por ter pesadelo e por não ter… 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Boys will be boys


Nunca fui muito de jogar jogos de computador, ou melhor, nunca fui daqueles aficionados que compram jogos atrás de jogos, assinam revistas e jogam online contra outras pessoas de diferentes paragens. No entanto, há um tipo de jogo que me consome desde a infância. Os jogos em que encarnamos a personagem do treinador de futebol.

Quando era pequeno lembro-me de sonhar, literalmente, com jogos deste tipo que ainda não existiam na altura. Tenho perfeita consciência de que uma noite sonhei que tinha um jogo em que poderia controlar a equipa do Benfica, com os nomes verdadeiros dos jogadores e com as suas características. Nessa altura isso não existia e tive de esperar largos anos para o poder fazer… Em haviam uns quantos jogos do género, quase todos britânicos. O primeiro que me lembro de jogar chamava-se tracksuit manager. Era baseado no Campeonato Mundial de 1990. Por defeito treinávamos a seleção da Inglaterra, com Gary Lineker, Peter Shilton, John Barnes, entre outros. Fazia-se a qualificação e depois o Mundial. Passei horas a jogar este jogo num spectrum emprestado, com a particularidade de apontar os jogadores que marcavam golos e todos os resultados que ia alcançando. Sempre gostei de compilar dados que depois não uso para nada…

O meu sonho veio a tornar-se realidade uns anos mais tarde, já depois de ter experimento outros jogos do mesmo género, em 1994 é criada a Sports Interactive e com ela é criado o mítico jogo Championship Manager. E pronto, eis que a partir desta data, passou a existir na minha folha de gastos um novo produto a ser consumido com periodicidade anual.

Primeiro foi a série Championship Manager, de 93 a 2003, salvo erro. Depois, com a separação da EIDOS e da SI, veio o atual Football Manager, FM, para os viciados. A separação das duas empresas levou a que a EIDOS ficasse com o nome do produto mais rentável, o Championship Manager mas a base de dados e o motor de jogo ficaram com a SI, que se juntou à SEGA para lançar a nova série de simuladores de futebol agora com o nome de Football Manager.

Mesmo sem muito tempo para jogar, a verdade é que ainda hoje sou consumidor destes jogos, confesso que por vezes às custas de tempo de qualidade que poderia passar em família… Mas eu sonhei com jogos deste tipo, se eles agora existem, sinto-me na obrigação de os jogar para ver se tive um sonho premonitório e se posso ser considerado vidente. Será esta uma desculpa muito esfarrapada?

Nova Iorque - toca e foge


Contas feitas foram 22 horas em Nova Iorque e cerca de 17 horas em aviões/aeroportos. Será que valeu a pena? Claro que sim, seja pelas ribs do virgil’s, pelas panquecas do Andrews, pelos presentes para os miúdos, pelo tempo a dois ou só mesmo pela fuga à rotina, valeu bem a pena e, se pudesse, repetia a dose todos os meses.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Lisboa que Amanhece

Mesmo não sendo munícipe, a minha cidade é Lisboa. Se não o fosse por razões fortes e válidas como as de nascimento (meu e da prole) seria por sentir alguma vergonha, ainda que alheia, em ser munícipe de Oeiras.

Mas a verdade é que me sinto alfacinha e que ultimamente tenho redescoberto a cidade através de passeios familiares onde tentamos passar o nosso gosto pela cidade também para a Joana.

Passeios por Alfama, caminhadas junto ao rio, danças no cais das colunas, aventuras na estufa fria, seja a pé, de carro ou de elétrico, a redescoberta da cidade em modo de cicerone para os filhos leva-nos a sítios que conhecemos desde sempre, mas que não apreciamos há anos. Esta redescoberta é só mais uma das maravilhas da paternidade.

Claro está, que tudo isto podia acontecer na mesma sem que eles acordassem às 7 da manha, mesmo aos fins de semana….

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Excesso de velocidade

Depois de uns dias de estaleiro com uma virose acompanhada de uma agradável otite, eis que me sinto finalmente a 100%.
Nos dias que passei em casa pude constatar que entrámos em Novembro  que o meu filho fez um ano e que daqui a dois meses estamos a celebrar mais um Natal. É impressão minha ou ainda ontem estava programar as férias do verão e anteontem nasceu o Francisco? O calendário está claramente em excesso de velocidade.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Lou Reed


Ontem morreu o Lou Reed, tinha 71 anos. Assusta pensar que era mais novo do que o meu pai…

Nunca ouvi muito os Velvet Underground e também não acompanhei com a devida atenção a carreira a solo do Lou Reed, no entanto era um artista de quem gostava muito. Tenho um enorme respeito por carreiras longas. Acho o prolongamento da exposição pública uma prova de humildade, de crença, de confiança e de carácter, mesmo depois de se ter alcançado algo memorável e muitas vezes, irrepetível.

Aprecio isto em várias artes, música, literatura ou mesmo no futebol. Achei bonito o João Pinto não ter pudor em acabar a carreira no Braga, assim como o Nuno Gomes ter jogado na segunda divisão inglesa na época passada. Isto depois de terem ambos carreiras bastante bem sucedidas. Esta forma de viver revela carácter e quem o tem, tem o meu respeito.

O Lou Reed também o tinha e daí este post e o meu lamento pela sua morte. Não conhecendo amplamente a sua obra, há uma música dele, ainda na fase Velvet, de que gosto muito. Heroin. Conheci-a na adolescência, através do filme the Doors, do Oliver Stone, numa banda sonora que ouvi até à exaustão. No meio de tantos temas o que mais rodava era o heroin, faixa 9 do cd que nem era meu, foi-me emprestadado e ainda deve andar lá por casa…

O tema fala da heroína e dos seus efeitos, sem apelo ao consumo mas igualmente sem hipocrisias e sem ser politicamente correcto. Há muitos versos que merecem destaque, desde o Heroin, it's my wife and it's my life até ao mais concreto: Ah, when the heroin is in my blood / And that blood is in my head / Then thank God that I'm as good as dead / Then thank your God that I'm not aware / And thank God that I just don't care. 

É um grande tema e um tema que muita curiosidade me suscitou nos tempos de descoberta, but thank God that I’m still unaware.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Momento Good Will Hunting


Um dos filmes que mais gostei de ver e que revejo sempre com prazer chama-se Good Will Hunting, O Bom Rebelde, em português. É um filme inspirador em vários aspectos  Começa por ser inspirador ainda antes de ter sido realizado, tudo porque, pelo menos assim reza a lenda, os dois argumentistas e futuros protagonistas do filme, Ben Affleck e Matt Damon resistiram a vender o argumento e consequentemente a sua participação no filme, passando inclusivamente por dificuldades financeiras, por acreditarem muito na equipa que eles queriam que realizasse e protagonizasse o filme. A equipa vencedora incluía, além dos já citados, outros nomes como Casey Affleck, Minnie Driver, o grande Robin Williams e o realizador Gus Vant Sant.

Quando finalmente o filme estreou, conquistou público e crítica e até a academia, tendo recebido o oscar para melhor argumento original.

Como é que o filme veio ontem à baila? É que ontem tive esperança de viver, na minha vida real, um dos episódios marcantes do filme. A páginas tantas o Psicólogo protagonizado pelo Robin Williams conta ao problemático Matt Damon uma peripécia que envolve um dos melhores jogos de basebol da história, um jogo para o qual ele tinha bilhete para ir ver. Finalizado o relato, com direito a simulação de home run com invasão de campo e tudo, o Matt Damon exclama algo do género, “Epá, não acredito que viste esse jogo ao vivo” ao que o Robin Williams diz, “Eu, eu não vi. Fiquei no bar por causa de uma miúda”. (agora que vi o clip, não é bem assim, mas não alterei o texto, foi de memória)

Ontem jogava o Benfica, liga dos campeões, jogo grande que, ainda não sendo decisivo, pode ajudar a decidir o apuramento. Eu tinha bilhete, mas preferi jantar em casa, com a minha mulher, os meus filhos e com um amigo e a sua namorada. Este amigo, para ajudar à festa, partilha comigo e com a Xana o fascínio pelo filme. Estava tudo alinhado e então confesso que tive esperança que fosse perder um jogo épico e que daqui a muitos anos pudesse dizer, epá tinha bilhete para esse jogo onde, e agora divago, o Cardozo marcou 3, um deles de bicicleta e onde o Ivan Cavaleiro, hoje estrela mundial e melhor jogador do mundo, se estreou na Champions pelo Benfica. Então alguém me perguntaria, “a sério viste isso ao vivo??” E surgia a minha resposta, com um misto de felicidade e amargura, “não, fiquei em casa a jantar com a família e uns grandes amigos que já não via há muito, tive uma noite ainda mais fantástica do que o jogo”.

A verdade é que a noite em casa foi muito melhor do que o jogo, mas infelizmente ainda não posso dizer que tive o meu momento Good Will Hunting. Quem falhou foi o Benfica, não fomos nós.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Dar aulas


Lembro-me de, enquanto jovem sem saber o que fazer da vida, ter uma certeza, gostava de dar aulas, nem que fosse apenas um par de anos. Eu, que nunca tive uma grande certeza daquilo que queria fazer em adulto, sempre soube que gostaria de dar aulas.

Comecei por dar umas explicações, coisa que me deu bastante gozo e proporcionou algumas férias bem agradáveis, mas nunca dei aulas na verdadeira acepção da palavra.

A vida seguiu o seu rumo, acabei o curso, comecei a trabalhar e o projecto de dar aulas ficou esquecido. Lembrei-me hoje dele. Hoje estive perante uma turma de 20 formandos a dar 3 horas de formação. Nos últimos anos tenho dado bastante formação, mas sempre a grupos mais pequenos, raramente excedendo os 10 formandos. Hoje eram 20. Já mete respeito. Senti-me um professor e lembrei-me daquilo que dizia há uns anos. 

Afinal concretizou-se, ainda que com anos de atraso e nuns moldes muito específicos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Dia Internacional da Gaguez


Hoje é o dia internacional dos gagos. Desconhecia a existência deste dia, mas como actualmente há dias para tudo, acabo por não estranhar a existência deste também.

Como alguém que tem esta deficiência da fala acabo por entender particularmente bem aquilo que esta notícia revela. As limitações na expressão oral, tão determinante no estabelecimento de relações pessoais e na vida em sociedade, conduzem a uma frustração que apenas quem padece de limitações semelhantes, compreende. Esta frustração aliada às balelas da sabedoria popular, “diz isso a cantar” ou “estás muito nervoso”, deixavam-me bastante irritado, confesso.

Mesmo tendo por vezes ficado irado, felizmente julgo não possuir qualquer trauma resultante da minha limitação, preferia não ser gago, mas vivo bem comigo e acredito que já controlo bem a gaguez. Com a idade o cérebro permite-nos dar a volta à coisa e procurar palavras com as quais sabemos que a nossa língua não nos trai. Claro que na infância e na juventude a coisa foi bastante diferente.

Como a notícia refere, o gago normalmente escolhe esconder a sua gaguez. Na escola tinha o pavor da leitura, mais tarde desenvolvi uma relação complicada com o telefone, na altura os nossos amigos não estavam tão perto como agora, para chegar a eles havia que ligar para o número de casa e muitas vezes quem atendia não era o amigo ou a amiga mas sim o pai ou mãe e lá ficava exposta a gaguez… Muitas vezes desliguei o telefone ao ouvir uma voz que não era a que desejava ouvir.

Enfim, passado é passado. No presente, como venho de uma família de gagos, tenho que lidar com a probabilidade dos meus filhos terem igualmente esta limitação na expressão oral. Felizmente a Joana, já com 4 anos, não parece ser gaga, falta ver o Francisco.

De qualquer forma, e sabendo que isto de educar nem sempre resulta da forma que idealizamos, tentarei dar-lhe sempre a confiança para que fale. Como diz o i, falar é a melhor terapia!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Virtual Tourist


Em dias como este, de céu cinzento, a minha mente tende sempre a ir procurar a beleza do céu azul a outras paragens. Um dos meus mais predilectos exercícios de fuga à rotina é a procura.

Gosto muito de procurar, demoro meses na procura do melhor PC para a utilização que lhe damos em casa, da melhor máquina fotográfica, da melhor escapadinha à rotina que nos absorve mas, aquilo que mais gozo me dá é mesmo a procura da viagem perfeita. Mesmo que não haja ainda a certeza de que a irei realizar, a busca já me satisfaz pois com ela vou começando a conhecer, ainda que de uma forma bastante restrita, aquele local que um dia sonho visitar.

A procura já me levou à imponente Praça Vermelha e à fechada Pyongyang, às mais bonitas ilhas das Bahamas e às mais áridas paisagens do deserto americano. Enfim, gosto de estudar opções. A frustração que nasce destas viagens virtuais que o Google me permite realizar não belisca o prazer que me invade de cada vez que clico no street view e me imagino ali.

Talvez seja facilmente contentável, mas ainda bem que assim é. Felizmente, de quando em vez, acontece o deja vu de percorrer com os pés um local onde já deslizei virtualmente. Sabe-me tão bem….

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Velhos Amigos


Na vida vamos coleccionando amizades. É uma graça, permite-nos partilhar alegrias e tristezas, sonhos e frustrações. As amizades não são todas iguais, não têm todas o mesmo peso pelo que não resistem todas às mesmas coisas. Há amigos a quem perdoamos a ausência ou a negligência, e com os quais sabemos também que podemos esticar a corda na mesma medida. Depois há os outros, a quem não permitimos falhas, ainda não possuem esse crédito. 

Nas canções a coisa funciona da mesma forma, há aqueles que têm crédito e outros a quem não perdoamos um deslize. Para mim, os Pearl Jam tem crédito infinito. Partilhei com eles demasiadas emoções para que alguma vez os esqueça. Foram 5 ou 10 anos de grande intensidade, naqueles anos em que parece que vivemos tudo e no entanto não vivemos nada. Parece que as letras foram escritas para nós e no entanto, analisando agora à distância, com os olhos toldados pela emoção, até no horóscopo diário do Correio do Manhã encontraríamos algo que fizesse sentido para as nossas vidas. São tempos giros, esses da adolescência. Tempos de descoberta e de interiorização, mas acima de tudo, tempo de definição de carácter e de amizades. Não é por acaso que os amigos da adolescência são sempre o porto de abrigo. Aqueles que sabemos que estão lá, mesmo que não os vejamos há anos, aqueles que, quando os vemos, parece que ainda ontem estivemos juntos, o tempo não passa por eles, peso a mais, falta de cabelo, barba, cabelos brancos são características que os meus olhos não apreendem naqueles com quem tive o privilégio de crescer.

Os Pearl Jam fazem parte desse núcleo duro das amizades antigas, não vislumbro sinal de velhice, não consigo ver tipos de 50 anos, vejo aqueles trintões que me fizeram ficar sem voz em Cascais em 1996.
Sei que eles me perdoam que passe meses, talvez anos, sem os ouvir. Quando os ouço, parece que tudo para e que regresso às camisas de xadrez. É uma graça!

Fuga para o Alentejo



No início deste mês rumámos para sul para carregar baterias. Foi o já tradicional primeiro fim de semana de outubro que serve para nos despedirmos do verão e para arranjar energias para aguentar os meses frios e escuros que nos levam até ao Natal.
Desta vez o local escolhido foi Santiago do Cacém. Vá se lá saber porquê, sinto uma grande afinidade com as paisagens alentejanas. Não tenho, que conheça, qualquer raiz nesta região, mas a paisagem, a comida, as praias que tão tardiamente descobri fazem-me sentir muito bem, desejando até ficar por ali a disfrutar de todo aquela atmosfera de tranquilidade.

Não sendo grande conhecedor de terras alentejanas, a verdade é que até agora nunca fiquei com expectativas defraudadas, das outras vezes adorei a praia fluvial da mina de são domingos, perto de Mértola, senti-me vivo nas praias de água gelada da Zambujeira ou de Almograve, comi maravilhosamente em Estremoz e dormi tão bem ou melhor em Évora. Agora era a vez dos arredores de Santiago…

Mesmo com o referencial lá em cima, o local escolhido para o fim de semana manteve o nível das outras incursões alentejanas.
Deu para descansar, para tomar banho de piscina, para tomar banho num lago, para apanhar fruta na horta, para brincar com os filhos, para estar com amigos, enfim, uma torrente de boa energia que acabou por servir muito bem o propósito de carregar baterias.






segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Francisco 30/10/2012


Mesmo quase com um ano de atraso aqui fica, para memória futura, a foto do dia do nascimento do Francisco. Todas as emoções vividas no dia do nascimento da Joana foram revisitadas, agora com menos surpresa em virtude da experiência prévia. De qualquer forma, aquela sensação de total dependência, que tem tanto de bonita como de terrivelmente assustadora, voltou a bater forte e a lembrar-me de que já não sou eu que interesso, nem tampouco os três que fomos até aquele dia, agora somos quatro e os quatro somos um.

Blogs e Ginásio - a mesma dificuldade

Para mim, manter um blog é tão difícil como ir habitualmente ao ginásio. Já tentei ter um blog temático, que é mais ou menos a mesma coisa de decidir ir ao ginásio, mas só às aulas de body pump, não resultou. Já tive blog a prazo, que é como ir ao ginásio com o intuito de perder 5 kg,  já tentei ter um blog que me acompanhasse para a vida, que é o que mais vezes tentei também ao nível dos ginásios, nunca consegui. Dos ginásios já me afastei, desisti, que é um verbo de que não gosto, mas que se aplica bem a esta situação.

Já dos blogs e da escrita, não me quero afastar, quero que a vontade que sinto de fazer perdurar palavras, ainda que apenas para o meu próprio deleite, seja mais forte do que a inércia que já se apoderou de mim tantas e tantas vezes. 

Assim, e na sequência do anúncio ao BES que me apresentou a dona Inércia, aqui lhe declaro guerra com esperança de sair vitorioso. Não vou colocar para já, objetivos, fica a promessa de tentar, mais uma vez, ser assíduo na passagem para palavras de momentos e reflexões que fazem os meus dias.