quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Velhos Amigos


Na vida vamos coleccionando amizades. É uma graça, permite-nos partilhar alegrias e tristezas, sonhos e frustrações. As amizades não são todas iguais, não têm todas o mesmo peso pelo que não resistem todas às mesmas coisas. Há amigos a quem perdoamos a ausência ou a negligência, e com os quais sabemos também que podemos esticar a corda na mesma medida. Depois há os outros, a quem não permitimos falhas, ainda não possuem esse crédito. 

Nas canções a coisa funciona da mesma forma, há aqueles que têm crédito e outros a quem não perdoamos um deslize. Para mim, os Pearl Jam tem crédito infinito. Partilhei com eles demasiadas emoções para que alguma vez os esqueça. Foram 5 ou 10 anos de grande intensidade, naqueles anos em que parece que vivemos tudo e no entanto não vivemos nada. Parece que as letras foram escritas para nós e no entanto, analisando agora à distância, com os olhos toldados pela emoção, até no horóscopo diário do Correio do Manhã encontraríamos algo que fizesse sentido para as nossas vidas. São tempos giros, esses da adolescência. Tempos de descoberta e de interiorização, mas acima de tudo, tempo de definição de carácter e de amizades. Não é por acaso que os amigos da adolescência são sempre o porto de abrigo. Aqueles que sabemos que estão lá, mesmo que não os vejamos há anos, aqueles que, quando os vemos, parece que ainda ontem estivemos juntos, o tempo não passa por eles, peso a mais, falta de cabelo, barba, cabelos brancos são características que os meus olhos não apreendem naqueles com quem tive o privilégio de crescer.

Os Pearl Jam fazem parte desse núcleo duro das amizades antigas, não vislumbro sinal de velhice, não consigo ver tipos de 50 anos, vejo aqueles trintões que me fizeram ficar sem voz em Cascais em 1996.
Sei que eles me perdoam que passe meses, talvez anos, sem os ouvir. Quando os ouço, parece que tudo para e que regresso às camisas de xadrez. É uma graça!

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