Ontem morreu o Lou Reed, tinha 71 anos. Assusta pensar que era
mais novo do que o meu pai…
Nunca ouvi muito os Velvet Underground e também não acompanhei com a devida
atenção a carreira a solo do Lou Reed, no entanto era um artista de quem
gostava muito. Tenho um enorme respeito por carreiras longas. Acho o
prolongamento da exposição pública uma prova de humildade, de crença, de
confiança e de carácter, mesmo depois de se ter alcançado algo memorável e
muitas vezes, irrepetível.
Aprecio isto em várias artes, música, literatura ou mesmo no futebol. Achei
bonito o João Pinto não ter pudor em acabar a carreira no Braga, assim como o Nuno
Gomes ter jogado na segunda divisão inglesa na época passada. Isto depois de
terem ambos carreiras bastante bem sucedidas. Esta forma de viver revela
carácter e quem o tem, tem o meu respeito.
O Lou Reed também o tinha e daí este post e o meu lamento pela sua morte. Não
conhecendo amplamente a sua obra, há uma música dele, ainda na fase Velvet, de
que gosto muito. Heroin. Conheci-a na adolescência, através do filme the Doors,
do Oliver Stone, numa banda sonora que ouvi até à exaustão. No meio de tantos
temas o que mais rodava era o heroin, faixa 9 do cd que nem era meu, foi-me
emprestadado e ainda deve andar lá por casa…
O tema fala da heroína e dos seus efeitos, sem apelo ao consumo mas
igualmente sem hipocrisias e sem ser politicamente correcto. Há muitos versos
que merecem destaque, desde o Heroin,
it's my wife and it's my life até ao mais concreto: Ah, when the heroin is in my
blood / And that blood is in my head / Then thank God that I'm as good as dead
/ Then thank your God that I'm not aware / And thank God that I just don't care.
É um grande tema e um tema que muita curiosidade me suscitou nos tempos de
descoberta, but thank God that I’m still unaware.